A Vida inicia e cessa o seu rumo na mais rápida corrida que se conhece. O início, emoldurado de sorrisos triunfantes, após berros e apelos a que termine, que nos arregala os olhos e os faz fechar com a luminosidade de quem (não) vê. O início da ignorância e do afeto - o início da inocência. Aquele início em que (não) há solidão e em que as carícias, intermináveis, provocam uma calmia assustadora. O início de outro tipo de luz. O início de uma corrida que insistimos em não percorrer.
Perante o primeiro obstáculo a reação primeira é (quase) colocar a mão esquerda na testa, cabisbaixo e com a lágrima a percorrer o corpo que não se conhece. Até que alguém, ao nosso lado, nos percorre as veias bombeadas pelo coração fervilhante de emoção. O alguém - que nunca se sabe quem é - que nos faz abrir os olhos perante a luz e, firmes, deitar-nos no lugar ainda vazio da cama ocupada. Aquele lugar que sempre receaste, agora, perante os teus olhos lacrimejantes, a chamar por ti.
Deitas-te, em busca de uma utópica felicidade e num estímulo o teu corpo reage - o teu corpo, cansado da infinitude das tuas lágrimas, faz-te esboçar o último sorriso: aquele que dita a felicidade na corrida que irá começar. Se há início, é porque o fim ainda está longe de alcançar.
Fotografia por: Alejandro Kirchuk: Never let you go - World Press Photo (2012)

Sem comentários:
Enviar um comentário